2.1.06

A rever

> Contacto, de Robert Zemeckis, 1997
> 153 min M/12
> O melhor: A qualidade visual e força do argumento, além da cena da casa de banho
> O pior: Algum ambiente "Disney" na cena no mundo deles
> O meu voto: 7,5 em 10
Contacto-Edição Especial
Quando alguém fala na difícil tarefa de contar bem uma história através de película, em que é que eu penso?
Entre poucas outras coisas, em "Contacto".
Baseado no único romance do génio Carl Sagan, este filme leva-nos até ao limite da magia do cinema.
Pelas mãos do brilhante Robert Zemeckis (Regresso ao Futuro, Forrest Gump, O Náufrago, etc) embarcamos numa aventura sólida, com uma história científicamente fundada, com personagens espessos e uma estética visual perfeita.
Poucos teriam coragem de pegar neste desafio.

Claro que um dos segredo é o casting.
Jodie no seu melhor
Jodie Foster, Tom Skerritt, Matthew McConaughey e David Morse são alguns dos nomes que alicerçam a narrativa.
Foster é uma grande escolha. Feminina mas forte, segura, desempenha na perfeição o papel de Eleanor Ann "Ellie" Arroway, a determinada cientista que estabelece contacto com seres de outro planeta. Ou não... Porque a grande questão é essa: só um grande filme como este pode basear a sua premissa não no que acontece mas no que pode acontecer.

Paralelamente à história (mais vale verem o filme), "Contacto" é a lição perfeita de como os efeitos visuais servem a narrativa e não o contrário.
O filme abre com uma das mais belas sequências de sempre, um traveling de 3 minutos (!) que nos leva do nosso planeta Terra através do sistema solar, através da Grande Nebulosa e da Via Láctea e continua a afastar-se através de milhares de outras galáxias até que termina inesperadamente no olhar da jovem Ellie. Ah, tudo isto enquanto vamos captando emissões de rádio espalhadas pelo éter e ouvindo um dos mais memoráveis mix's do século...
De arrepiar.
Sketch de produção
Mas os efeitos visuais nem sempre se notam. Por exemplo, os olhos da actriz que faz de jovem Jodie Fosterforam digitalmente pintados de azuis, em vez do uso de lentes de contacto... Mas há uma cena que fica para a história, e o meu amigo Herrera que o diga (andou intrigado com ela uns anos).
Falo de um outro travelling que acompanha a jovem Ellie dentro de casa numa corrida até à casa de banho e que fecha no espelho do armário da casa de banho. Depois, em vez de girar sobre si mesma, a imagem surpreende o espectador mais atento: a câmera faz o impossível e entra pelo reflexo dentro, acompanhando a Jovem Ellie no caminho de regresso. Capricho do realizador e aroma de "Alice no País das Maravilhas", este plano é histórico e foi um dos responsáveis pelos prémios técnicos que recebeu. Só vendo.

Técnicas à parte, "Contacto" é um elogio ao espírito humano e, sobretudo, a homenagem merecida a Carl Sagan.
Ainda não consta da minha modesta videoteca, mas terei que tratar disso.
É obrigatório.

"I'll tell you one thing about the universe, though. The universe is a pretty big place. It's bigger than anything anyone has ever dreamed of before. So if it's just us... seems like an awful waste of space. Right?"